Nivanor Bernardes - ao centro segurando a garrafa - com seu grande amigo TAO - sentado a direita com camiseta branca da SUZUKI |
Em meados dos anos sessenta tem inicio um
movimento com a intenção de trazer as provas de MotoCross para o Brasil. Com motos
"street", modificadas Ernesto Ricardo Buik, o ‘Avestruz’, que já
conhecia o esporte praticado fora do Brasil, pleiteava junto a Federação
Desportiva Paranaense organizar uma prova de MotoCross nacional.
Nessa mesma época, Antonio Carlos Pagano
Brundo, conhecido como ‘TAO’ havia
saído do quadro de diretores da OSCAR S'A. IND. DE ARTEFATOS DE BORRACHA – extinta
em 21 de julho de 1969. TAO encerrou sua historia na Oscar SA no cargo de
Diretor-Comercial, apos uma brilhante carreira de diversas promoções.
TAO vendeu suas ações ao mesmo tempo que
ingressara como gerente de vendas no Grupo MOTOSPORT, com a principal tarefa de
introduzir as motos da fabricante japonesa Yamaha no mercado brasileiro. Foi
então que surgiu a idéia de unir o esporte radical que surgia em Curitiba com
os interesses da recém chegada, hoje tão conhecido fabricante de motocicletas,
as trilhas de terra seriam perfeitas para demonstrar a força, a agilidade e o
estilo das novas motos.
A associação das motos em provas de
Motocross foi um enorme sucesso comercial, o jovem Denísio Casarini corria com
uma Yamaha JT-1 de 50 cc e Nobuiro Saruwatari, com uma Yamaha AT-1 de 125 cc
Stand da SUZUKI - Eu quis sair na foto na frente de todos e meu pai - TAO - atras a esquerda com olhar de apreensão - rsrs |
O ponto culminante dessa historia aconteceu
no dia 13 de fevereiro de 1972 quando TAO e Edgard Soares realizaram a primeira
prova de MotoCross no estado de São Paulo, em uma pista concebida pelo Santos
Moto Club na cidade de Itanhaém.
A prova que foi assistida por mais de 3.000
pessoas, reuniu 13 motociclistas.
Foi dividida em 3 baterias, sendo as duas
primeiras em 4 voltas e a última em 6 voltas, num circuito de cerca de 1.260 m,
onde três quartos eram num terreno muito acidentado num morro junto à praia,
onde as motos, após subirem uma ladeira íngreme, saltavam no ar ao atravessarem
sucessivas lombadas !
Walter "Tucano" Barchi venceu as
3 baterias com uma Yamaha 125 AT2 MX "de fábrica"
A partir desta data o casamento das
fabricantes representadas no Brasil com o talvez mais antigo exporte radical
brasileiro, rendia grande imagem e retorno comercial.
Alem de Tucano, Denisio fora contratado
para trabalhar no Departamento de Promoções da Yamaha e participava ativamente
das diversas modalidades que surgiam, tais como a ‘Subida da Montanha’, ‘Trail’,
‘Melhor salto’ e da já tradicional 500 milhas. Lembro-me do dia, quando ainda era
bem pequeno, eu meu irmão e minha Irmã andamos, cada uma a sua vez, na garupa
de Denisio, foi a melhor montanha russa da minha vida (acho que sai chorando
dessa historia rsrs).
Após essas provas, tidas mais como de
demonstração, em 11 de junho de 1972, é iniciado oficialmente o Campeonato
Paulista de MotoCross (conforme relatado no site http://www.motosclassicas70.com.br/motocross_no_brasil.htm
)
“ Tombos e vôos espetaculares marcaram a
corrida, que inaugurou o circuito Trail Lândia, construído especialmente para
competições desse tipo, no quilometro 21 da Via Dutra, perto de São Paulo.
O vencedor da categoria 250 foi Denísio
Casarini, que teve que mostrar muita coragem e perícia para superar Walter
"Tucano" Barchi e Paulo "Paulé" Salvalagio, segundo e
terceiro colocados.
Medindo 1.600 m de extensão, o circuito
Trail Lândia foi construído com recursos da Yamaha Motors do Brasil. A pista é
uma trilha de terra estreita, sinuosa e cheia de ondulações e barrancos, num
traçado que exige o máximo de habilidade dos pilotos.
As motocicletas, próprias para o motocross,
tem motor 2 tempos, guidão largo,
rodas grandes e pneus com cravos para terra e lama.
Denisio e Tucano são pilotos oficiais da
Yamaha, enquanto Paulé pilotou uma Suzuki.
Foram ao todo 18 competidores, e cinco
baterias de cinco voltas cada. Denísio venceu 4 baterias !
Na categoria 125 o vencedor foi Nivanor
Bernardi, seguido por Carlos Bittencourt, e José Ivan de Oliveira, todos de
Yamaha”.
Apos a receita de sucesso obtida com a
Yamaha, em 1973 TAO começa introduzir a marca Suzuki e dessa vez o novo garoto
propaganda da é Nivanor Bernardi.
TAO no escritório |
A historia de Nivanor também é contada no
site www.motosclassicas70.com.br - “Em 1971, houve uma prova no "Chiqueirinho" em
Curitiba, e Nivanor foi com sua namorada assistir ! Viu um show de Tucano e Denísio... e pensou... "é disso
que eu gosto !!! "
Novamente com o amigo Daniel, Nivanor
compra uma Yamaha 125 AT1 e disputa uma prova em Joinville, chegando em 2º lugar
!
Em 1972, vem para São Paulo, disputar uma
prova na Cidade Universitária.
Chegou com a moto no porta-malas do carro,
um "Dodjão", e já levou
uma bronca do "seu" Eloy , pois era o único não paulista, e teve que
dar uma volta na pista para provar que poderia disputar a prova !
Disputou, ... e venceu !! Caiu umas 15 vezes, mas sempre se
recuperava, e ganhou a prova onde corriam feras como Tucano , Denísio e Paulé
!! Foi quando Nivanor percebeu que
tinha jeito prá coisa, e que seu porte físico avantajado lhe daria grande
vantagem sobre os adversários !
Nivanor ajudava muito a família descarregando caminhão de madeira e
pedra, rachando lenha , etc.”.
Antonio ‘TAO’ Pagano, tinha 1,94m de altura
e era muito forte, havia praticado halterofilismo e boxe, mas orgulhava-se em
dizer que o único capaz de vencê-lo no braço de ferro era o Nivanor.
A historia de TAO não termina ai, o Grupo
Motosport havia comprado a iconica LAMBRETTA e TAO era o Diretor Comercial da
marca, ninguém melhor do que um ítalo-brasileiro tão experiente para comandar
as operações de introdução desse ícone da cultura italiana. Também introduziu a
fabricante de bicicletas BMX da Bikendur, para promove-la organizou o primeiro
passeio ciclístico de São Paulo.
Grande amante das motos e dos esportes
radicais, TAO, meu pai, introduziu as mais importantes marcas japonesas e italianas de motos no Brasil, faleceu aos 57 anos. Alem dessas marcas também
introduziu a Ponei, da Brumana Pugliesi os Ciclomotores Garelli Kátia e Erika,
dentre outros.
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