terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Zuzu - Filha de Manoel Correa de Moraes


Zuzu e Jose Francisco Pagano Brundo 1929

A historia de minha vó, Dona Zuzu, Emília Francisca Correia de Moraes, se mistura com a história da Cidade de São Paulo e com a história do Brasil.

Manoel Correa de Moraes, meu bisavó e pai da Dona Zuzu, nasceu no ano de 1855, numa época em que a cidade de São Paulo ainda estava se consolidando como um centro urbano. Filho de Antonio Correa de Moraes e Francisca Bárbara da Silva, ele cresceu imerso nas histórias de sua família, entre as quais se destacava a narrativa de sua ancestralidade ligada a Tibiriçá. 

Segundo os relatos transmitidos por minha avó Zuzu, Manoel teve conhecimento dessa linhagem por intermédio de seus pais, que lhe contaram sobre Antonia Quaresma, filha de João Ramalho e Bartyra, elementos fundamentais na formação da identidade paulista. Essa conexão ancestral não apenas enriqueceu a história pessoal de Manoel, mas também o vinculou intimamente ao Triângulo Histórico de São Paulo de Piratininga, uma região impregnada de memórias e tradições Tupis. 

Esse território, situado entre os rios Anahngabaú e Tamanduateí, chamado de Aldeia do Inhapuambuçu, chamada por Jaime Cortesão de a Capital Geográfica Ancestral da América do Sul, foi palco de encontros e eventos que moldaram a cultura e a identidade daqueles que ali viveram ao longo dos séculos. Assim, Manoel Correa de Moraes emergiu não apenas como um indivíduo, mas como um elo vivo entre o passado e o presente de sua terra natal.

Manoel foi também um dos primeiros Comissários de Café da cidade de São Paulo Financiando, armazenando e vendendo o café.

Não se sabe ao certo a data de nascimento, no entanto sabe-se que faleceu no dia 08 de novembro de 1920. Seu corpo foi sepultado no cemitério da consolação Rua 11 LE sepultura 42, adquirida por seu pai Antonio em 07 de junho de 1881*.

Casarão da Rua da Gloria de Manoel Correa de Moraes (a direita)  onde
Zuzu  nasceu e passou sua infancia ao lado dos 5 irmãos
 

Manoel morava no famoso Casarão da rua da Gloria numero 4, de lá comandava as atividades pertinentes ao cargo de Comissário de Café. Fazendo a ponte entre a fazenda e o consumidor final, o café passava por uma série de etapas, mudando várias vezes de mão.

Uma vez colhido o café era conduzido em lombo de burros ou em carros de boi até a estrada de ferro mais próxima, que passava com freqüência pela própria fazenda, era embarcado em vagões, que desciam para o porto de Santos ou do Rio de Janeiro.

Seguia para um estágio nos armazéns de alguma Casa Comissária e era então vendido aos exportadores. Os comissários de café - geralmente comerciantes portugueses e brasileiros, ou grandes fazendeiros que diversificavam suas atividades metendo-se no comércio e fundando bancos - financiavam plantações sob hipoteca e por conta da produção a ser vendida.

Vendendo o café aos exportadores, os comissários tiveram papel decisivo, particularmente no primeiro período de expansão dessa lavoura (final do século XIX), quando a maior parte dos fazendeiros ainda não se mudara para a cidade e vivia isolada nas casas-grandes de suas fazendas.

Os comissários cobravam dos fazendeiros comissão pela venda, despesas de armazenamento e juros pelo financiamento da plantação. Houve um momento em que foi muito estreita a relação de dependência pessoal do produtor para com o comissário, tomando-se este uma espécie de conselheiro daquele.

Apesar das crises econômicas conjunturais, o consumo mundial de café crescia constantemente. Os lucros dos exportadores, entretanto, não subiam na mesma proporção, pois, entre 1891 e 1900, a exportação de 74 491 000 sacas de café rendeu a cifra de 4691906 contos de réis, enquanto na década seguinte, isto é, entre 1901 e 1910, houve uma queda para 4 179 817 contos de réis no pagamento da exportação de uma quantidade maior de café (130 599 000 sacas). Em 1906, o providencial Convênio de Taubaté viria salvar a situação. E os exportadores poderiam, outra vez, dormir em paz.

Zuzu carrega seu neto no colo, ( eu, Luiz Pagano)  na frente da casa da Dom Duarte Leopoldo, 43 - Cambucí - 1968

Na alta, fortuna. Na baixa, falência. Um convênio irá equilibrar essa balança?

Mas, afinal, o que estava acontecendo com o café? perguntava-se, perplexo, o homem da rua, em fins de 1902. Não era ele o "ouro verde" de que tantos falavam? Que anúncios de crise eram aqueles? Onde estava a antiga euforia, aquela impressão de riqueza sem limites, proporcionada pelo café, e que foi a marca dos últimos decênios do século XIX?

Café chegando de carroça no Porto de Santos 1900

E, com efeito, aquilo que parecia impossível na década de 1880 estava de fato acontecendo. A cotação internacional do café caía constantemente, enquanto as fazendas lançavam no mercado quantidades crescentes do "ouro verde". A safra dos anos 1901/1902 havia superado a marca de 16 milhões de sacas, para um consumo mundial ligeiramente superior a 15 milhões. E a cotação do produto no mercado externo, que havia sido de 102 francos-ouro em 1885, caíra para 33 francos-ouro em 1902. De fato, desde 1893, os preços internacionais vinham caindo sistematicamente como conseqüência dos problemas econômicos dos Estados Unidos, nosso principal cliente, e da expansão mundial da produção de café.

Esta caricatura de 1903 mostra Francisco Correia de Moraes Almedia pedindo
esmola por conta da mencionada crise (Caricatura por Anatolio
Valladares, publicada na revista Santos Ilustrado nº 5/ano 1, de 2/2/1903 – Wladir Rueda).

A família Correa de Moraes tinha uma relação já antiga com as Casas Comissárias de Café, Francisco Corrêa de Almeida Moraes nasceu em 1837 em Tietê na fazenda de cana-de-açúcar denominada "Pederneiras", mais tarde "Três Carolinas", e aí residiu até 1886, data em que mudou-se para Santos, onde já tinha negócio e interesse em casas comissárias desde 1878.

Em Tietê ocupou diversos cargos não só de eleição popular como de nomeação do governo. Alferes da guarda nacional em 1858, foi elevado a tenente em 1862; foi vereador da câmara municipal em dois quatriênios e secretário da mesma em igual tempo; foi suplente de juiz municipal e de órfãos; delegado de polícia por mais de um ano, e juiz de paz em um quatriênio. Em Santos, após a proclamação da República, foi nomeado 1.° suplente do juiz substituto de direito, exercendo o cargo por mais de sete meses com jurisdição plena; foi presidente da câmara municipal em 1890-1891, quando grassava forte a epidemia de febre amarela, com a qual teve de arcar fundando hospitais provisórios e definitivamente, sendo o provisório denominado "Hospital Almeida Moraes" e o segundo é o que até hoje serve de isolamento. Foi ainda vereador no triênio de 1896 a 1899, ocupando no último ano o cargo de presidente. É ainda neste ano de 1902 presidente da câmara municipal. Reside em casa própria no Guarujá, Ilha Balneária, sendo sócio comanditário da casa comissária que fundou em Santos em 1886 e que hoje rege-se sob a razão social de "Almeida Mello & Comp.".

Casou-se em 1858 com Leopoldina Augusta de Almeida Moraes, nascida em 1844, filha do tenente-coronel Francisco Corrêa de Moraes e de Maria Cecília de Moraes. Teve como filhos Tranquilino Corrêa de Almeida Moraes, falecido solteiro e Etelvina Corrêa de Almeida Moraes, também enterrada no tumulo do cemitério da consolação no dia 22 de agosto de 1919.

Manoel Correa de Morais e Rapahela Gimenez Correia de Morais (1881~1951) pais da Dona Zuzu.

Como vimos na matéria anterior sobre Jose Francisco Pagano Brundo, (também enterrado no mesmo tumulo do cemitério da consolação) Manoel casou-se com Raphaela Gimenez e teve 7 filhos, a mais velha era Zuzu – Emilia Francisca Correa de Moraes, Manoel Faleceu no dia 08 de Novembro de 1920, morava na rua Caravelas numero 17.

Zuzú era a primogênita, logo depois vieram Hugo Correa de Moraes que mais tarde viria a ser Inspetor Fiscal do Estado de São Paulo, Paulo C. M., Judite Correa de Moraes, Carmem C. M. e Pedro C. M. , chegou a ter o sétimo filho, João Correa de Moraes que faleceu logo após o parto.

Da esquerda para a direita - Pedro Correa de Moraes, Rosa Esteves Correa de Moraes,  Zuzu (com cabelos brancos) Judith Philomena (filha de Jose Francisco Pagano Brundo) e seu marido Doca.

Zuzu nasceu no dia 16 de outubro de 1901 no casarão da rua da Gloria numero 4 e lá passou sua juventude ao lado dos irmãos.

Casamento de Emilia Francisca Correa de Moraes Pagano e Jose Francisco Pagano Brundo

Estudaram no Colégio São José, casou-se em primeiras núpcias com Jose Francisco Pagano Brundo no dia 23 de março de 1929, na igreja do Oratório e mudaram-se para a rua do Gasômetro numero 107.

Quando Jose Francisco Pagano Brundo Faleceu no dia 24 de dezembro de 1947, deixou Emilia com seus 4 filhos, moravam na rua da Mooca 2800, casa 3. Tiveram então que mudar, para a casa da rua Bresser numero 601, da. Zuzu passou a trabalhar como técnica de laboratório no Instituto Adolpho Lutz.

Alguns anos depois em 1950 Zuzu casou-se novamente com Jaime Pires de Camargo e voltaram a residir em outro endereço da Rua da Gloria, Jaime era informante comercial do antigo Banco São Paulo da rua XV de Novembro n.
347.

Divorciou-se e passou a morar com seu Filho, Antonio Carlos Pagano Brundo – “TAO”, primeiro na Rua Dom Duarte Leopoldo n. 43 na Vila Mariana, depois na Av Antonio de Sousa Noschesi 2094 no Parque Continental.

Lydia Siqueira Pagano Brundo, Dick (cão), Zuzu e Carmem,
sua irmã na casa da Dom Duarte Leopoldo, 43

Zuzu faleceu aos 88 anos no dia 05 de outubro de 1989 em casa na Av Francisco de Paula Viscente de Azevedo n 1409 também no Parque Continental, seu corpo repousa no tumulo da consolação Rua 11 LE sepultura 42.

*Autalização de 21/09/2023 - Quanto ao túmulo no cemitério da Consolação,  Rua 11 LE sepultura 42, ali estão sepultados:

Manoel Correa de Moraes 08/11/1920
Anna Stutze de Moraes 17/09/1936;
Antônio Raymundo 20/06/1940;
José Francisco Pagano Bruno 25/12/1947;
João Correa de Moraes 17/06/1948;
Raphaela Gimenez de Moraes 11/02/1951;
Paulo Correa de Moraes 26/12/1973;
Pedro Correa de Moraes 09/06/1983;
Carmem Moraes Raymundo 04/10/1984;
Rosa Estheves de Moraes 20/09/1984;
Judith Correa de Moraes 18/01/1988;
Antonio Carlos Pagano Brundo 11/02/1989;
Emilia Francisca correa de moraes pagano 05/10/1989;
Giovana Bieringuer Pagano Brundo 23/07 2011;
Lydia Siqueira Pagano Brundo 23/02/2022.

Descendentes de Tibiriça

Retrato fictício de João Ramalho e um filho, pintura de José Wasth Rodrigues, na galeria de notaveis do Museu do Ipiranga

Primeira Fase - O encontro de duas Culturas e o brinde com Cauim

Podemos começar por João Ramalho, cuja únicas certezas que temos são a data da sua morte, 3 de maio de 1582, de seu testamento a 3 de maio de 1580, e que foi grande amigo e posteriormente genro de Tibiriçá, a principal liderança indígena do Brasil.

Filho de João Velho Maldonado e Catarina Afonso de Balbode, Ramalho provavelmente nasceu no ano de 1493 em Vouzela, Viseu, em Portugal.

Genograma Descenente de Tibiriçá até Luiz Pagano

As origens incertas apontam para as circunstâncias que o trouxeram ao país e não foram registradas, levando a teorias de naufrágio ou degredo. Henrique Veltman sugere que João Ramalho, possivelmente um marrano, um judeu convertido, apoiando-se em elementos como sua assinatura com um possível caractere hebraico, discute-se se João Ramalho foi degredado por algum delito ou se era um judeu pobre procurando sobreviver em uma sociedade hostil. 

O Oceano Atlântico, conhecido como o Mar Tenebroso, era desafiador na época medieval, fazendo com que ao chegar por aqui, João Ramalho, possivelmente visto como divino pelos indígenas, recebeu o título de Alcaide-Mór e Guarda-Mór de Santo André da Borda do Campo de Piratininga de D. Martim. Deve ter chego ao Brasil por volta de 1500, logo fez amizade com Tibiriçá e se esposou de sua filha Bartira, constituindo a primeira família de São Paulo, bem como fundou a povoação que viria a ser a Vila de Santo André da Borda do Campo em 1553, sabe-se ainda que João teve um casamento prévio com Catarina Fernandes das Vacas (1510).

O casamento de João Ramalho com Bartira, filha de Tibiriçá, o primeiro cacique a ser cqtequisado pelos Jesuitas resultou em oito filhos, conforme registrado em seu testamento mencionado na "Genealogia Paulistana" de Luiz Gonzaga da Silva Leme, que veremos a seguir. 

João Ramalho deu origem à primeira família micigenada entre europeus e indígenas, formando a grande família do povo brasileiro.

Cacique Tibiriçá e Neto (ou Potyra), quadro de José Wasth Rodrigeis, Museu Paulista da USP

Tibiriçá nasceu por volta de 1475, o processo de catequização e batismo durou seis anos (1555 a 1561), período no qual aprendeu a falar a língua portuguesa e os jesuítas fizeram grande parte do estudo lingüístico do Tupi Antigo.

Tibiriçá era filho do Cacique Cacique Amyipaguana (1430~1520), denominado “Macro-jê Tupiniquim”, e Guayana Tibiriçá Amyipaguana (1440~1501). 

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As edificações de São Paulo começaram a surgir já no anos de fundação,  1554, conforme relatado pelo Padre Manuel da Nóbrega e auxiliado pelo Padre José de Anchieta, que ergueram um barracão de taipa de pilão, na acrópole alta e plana, a noroeste do cercado do Inhapaubuçu, que tambem foi expandido, dando origem São Paulo de Piratininga, conforme disse o Padre José de Anchieta em carta à Cia de Jesus:

“A 25/01 do Ano do Senhor de 1554 celebramos, em paupérrima casinha, a primeira Missa, no dia da conversão do Apóstolo São Paulo e, por isso, a ele dedicamos nossa casa".

Casa do Conselho de São Paulo, uma das primeras edificações da cidade (circa 1560)

Dois anos depois, erguem uma Igreja, depois o colégio e o pavilhão com os aposentos. Ao redor do colégio, formou-se um povoado de índios convertidos, jesuítas e colonizadores, em 1560, a população do povoado seria ampliada, quando, por ordem de Mem de Sá, os habitantes da vila de Santo André da Borda do Campo são transferidos para os arredores do colégio.

Aos poucos e infelizmente, a cultura dos portugueses se sobrepuzeram à cultura dos indígenas - somente Deus há de saber quando a Tibiriça brindou com João Ramalho sua última cuia de Cauim.

A vila Santo André da Borda do Campo foi extinta e o povoado elevado a esta categoria, com o nome de "Vila de São Paulo de Piratininga", por ato Régio, foi também criada sua Câmara Municipal, então chamada "Casa do Conselho". Acredita-se que nesse mesmo ano foi criada sua Santa Casa de Misericórdia.

Alcântara Machado relata:

"Afinal, com o recuo, a submissão e o extermínio do gentio vizinho, mais folgada se torna a condição dos paulistanos e começa o aproveitamento regular do chão. Deste, somente deste, podem os colonos tirar sustento e bens materiais, é nulo, ou quase nulo, o capital com que iniciam a vida. Entre eles não há representantes das grandes famílias do Reino, nem da burguesia dinheirosa.

Certo que alguns se aparentam com a pequena nobreza. Mas, se emigram para província tão áspera e distante, é exatamente porque a sorte lhes foi madrasta na terra natal. Outros, a imensa maioria, são homens do campo, mercadores de recursos limitados, artífices aventureiros de toda casta, seduzidos pelas promessas dos donatários ou pelas possibilidades com que lhes acena o continente novo..."

O pirata Ulrich Schimedel em 1553, ao passar por Santo André, disse ter encontrado João Ramalho escravizando indígenas no sertão, teoria que foi descartada já que a relação de Ramalho com sua esposa e parentes indígenas era familiar, como comprovado por vários relatos e o seu próprio testamento.

Frutos da Família Miscigenada

Como vimos. Tibiriçá casou-se com Potyra M'bicy (1475~1559, nome de sua origem Tapuia e mais tarde rebatizada com seu nome cristão, Isabel Dias) em cerimônia celebrada pelo Padre Manuel da Nóbrega. O casal teve oito filhos:

Bartira M’Bicy (1491~1559);
Maria da Grã Terebê (1501~1581);
Pirijá Tibiriçá (1504~x);
Aratá Tibiriçá (1504~x);
Ítalo Tibiriçá (1508~x);
Ará Tibiriçá’ (1510~1555);
Toruí Tibiriçá (1514~x);
Beatriz Dias (1525~1569);

João Ramalho casou-se com Bartira M’Bicy e teve 14 filhos, talvez por isso hoje tenham tantos descendentes da família original de Piratininga espalhados por todo o Brasil:

Catarina Ramalho (1505~1584);
Antonia Quaresma Ramalho (1510~1613);
João Ramalho Jr (1513~x);
Joana Ramalho (1520~x);
Margarida Ramalho (1522~1574);
Antonio de Ramalho (1523~x);
Marcos Ramalho (1527~x); 
André Fernandes Ramalho (1528~1588); 
Victorino Ramalho (1530~1588); 
Jordão Ramalho (1531~x); 
Francisca Ramalho (1532~1602); 
Beatriz Ramalho (1538~x); 
João Batista Ramalho da Silva;

Dona Antonia Quaresma Ramalho

Minha avó de 15 ª geração é Dona Antonia Quaresma Ramalho, filha legitima de João Ramalho e Bartira M’Bicy que casou-se com Balthazar Dias Nunes Camacho, procedente de Viana do Castelo a 1490, tiveram varias filhas, entre elas, Paula Camacho (chamada de 'A Mameluca').

É possível que Dona Antonia Quaresma tenha ultrapassado os cem anos.

Neste quadro de Antônio Parreiras vemos a esquerda o retrato fictício de João Ramalho e uma de suas filhas, provavelmente Antonia Quaresma Ramalho, durante a instalação da Câmara municipal de São Paulo entre os dias 31 de março e 5 de abril de 1560. 

Em agosto de 1556, Jorge Ferreira, atuando como capitão-mor de S. Vicente durante a ausência de Brás Cubas e por ordem de D. Duarte da Costa, designou Baltasar Dias Nunes como porteiro e alcaide da vila de Santo André. No entanto, a nomeação veio com uma clara condição: Baltasar deveria seguir as ordens do capitão e alcaide-mor João Ramalho, líder desta vila e responsável pelo campo circundante.

Apesar de sua posição subordinada, Baltazar Nunes conquistou respeito e consideração dos moradores da Capitania de S. Vicente, sendo eleito vereador da Câmara. Mesmo diante de sua escusa inicial, alegando incompatibilidade com o cargo de alcaide-mor e guarda do campo que já exercia, ele acabou aceitando a posição e a desempenhou cumulativamente ao longo do ano de 1557. Sua contribuição e serviços foram notáveis, estendendo-se até 1558, quando novamente atendeu ao chamado dos novos eleitos, consolidando sua presença na administração local.

Estampa holandesa de 1621 publicada em livro por Jan Janez, editor de Amsterdam, a partir dos relatos da viagem de Spielbergen. “Le portrait de Capo de St. Vincent en Brésil” retrata a batalha travada na baía vicentina.

Minha avó de 14ª geração é Paula Camacho, nascida a 1545 em São Vicente, casada com João Tourinho Maciel nascido a 1540 em Viana do Castelo, Portugal, pais de Anna Maciel.

Retrato fictício de Paula Camacho 'A Mameluca', 1545 - 1624 - filha de Dona Antônia Quaresma Ramalho e Balthazar Dias Nunes Camacho. Não há registros históricos específicos sobre Paula Camacho, neta de Bartira e Tibiriçá, ter aprendido a ler e escrever no colégio de Anchieta, no entanto é bem plausível que ela teve acesso à educação formal com os jesuítas.

Logo após a primeira geração de filhos e parentes de João Ramalho e Bartira, havia uma clara divisão social entre os portugueses, os povos indígenas e os mamelucos (descendentes de europeus e indígenas). Essa divisão era uma característica da sociedade colonial brasileira e de outras partes da América Latina durante o período colonial.

Os mamelucos eram fruto das primeiras misturas entre os colonizadores portugueses e os povos indígenas nativos, resultado do encontro entre esses grupos distintos, levando a uma complexa interação social e cultural ao longo do tempo. Essa mistura é conhecida como "mestiçagem" ou "miscigenação" e é uma parte importante da história do Brasil.

Exemplos dessas ricas miscigenações que eventualmente levaram à formação de uma população diversa e culturalmente rica no Brasil e em outras partes da América Latina moldou profundamente a sociedade e a identidade dessas regiões.

MACIEIS E CAMACHOS

Em texto da Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, 1º de novembro de 1894, VOLUME XXXV, As histórias das famílias 'Macieis' e 'Camachos' são importantes para a Vila de São Paulo de Piratininga:

"...A tradição em que se estribou Pedro Taques naturalmente não se cingia a considerar adventicia na terra a primeira geração dos Maciéis, que demonstrei ter aqui nascido. Reinóis tainbem eram, segundo a mesma tradição, a mulher de João Maciel, Paula Camacho, e um irmão desth, Gonçalo Caniacho, que casou com filha ou neta de João Ramalho, originancio um ramo de mamalucos da familia. E a este ramo estaria filiada, como sobrinha em 1o  ou 2o ." grau de Paula, Ana Caniacho, 2 mulher de Domingos Luiz, o Carvoeiro.

Tambem essas afirmações se desfazem à luz dos documentos ainda existentes, que apresentarei em ordem cronológica".

Na revista é mencionado ainda que as famílias Camacho e Maciel foram uma das primeiras a povoar a vila de São Paulo e que gerou figuras notáveis como Estevão Ribeiro Baião Parente e João Arnaro Maciel Parente e Catharina Camacho, esposa de Fernão Dias Paes Leme. Os autores também destacam também a relevância da linha feminina da família e sugere que os filhos do genealogista têm origens nessa linhagem.
Catharina Camacho se despede de Fernão Dias Paes Leme, que aos 29 anos partiu para a famosa Bandeira de Raposo Tavares em 1638. Os Camachos aparentados com minha ancestral Paula Camacho (1545-1624) foram uma das primeiras famílias a povoar a vila de São Paulo, que gerou figuras notáveis como Catharina Camacho, esposa de Fernão Dias Paes Leme, famoso bandeirante descendente dos primeiros povoadores da capitania de São Vicente, que participou da exploração dos sertões que hoje constituem os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Considerando os antepassados de 13a geração, Ana Maciel e Jorge de Barros Fajardo, enquanto se fala sobre Fernão Dias Leme, paulista de importancia na história de São Paulo:

Anna Maciel, que compartilho como antepassada, se uniu em matrimônio com Jorge de Barros Fajardo (S. Leme, vol. 8, p. 151), um respeitável cidadão de São  Paulo, também figura entre meus ancestrais. Curiosamente, ele não recebeu o tratamento de "dom" como registrado pelo linhagista e por Silva Leme. De acordo com seus registros, em 1601, ele relatou estar casado por apenas sete ou oito anos (Zd., vol. I, p. 108). Isso ocorreu aproximadamente vinte e três ou vinte e quatro anos após a chegada de João Maciel de Portugal.

Além disso, Catarina Camacho, cujo casamento com Fernão Dias Leme é registrado (S. Leme, vol. 5, p. 230), também é uma figura de interesse. Pedro Taques, no título dos Lemes, deixa em aberto o local de nascimento de Catarina e a data de seu casamento. Importante ressaltar que Fernão Dias Leme, figura notável entre os paulistas, tinha menos de 30 anos em 1605 (Inv., vol. I, p. 401). Mesmo em 1663, Catarina estava viva (Doc. Int., vol. XLIV, p. 369). Evidentemente, o casamento de Catarina ocorreu após as uniões de suas irmãs mais velhas, refletindo uma cronologia distinta.

É verdade que a história está repleta de figuras complexas e muitas vezes controversas. Fernão Dias Leme é uma personalidade histórica significativa entre os paulistas, contribuindo para a formação da sociedade na época. Reconhecer essas figuras é essencial para entender a origem e o desenvolvimento de uma sociedade. Ao explorar e contar a história completa, incluindo os aspectos menos atraentes, podemos ganhar uma compreensão mais completa e honesta do passado. Isso nos ajuda a refletir sobre o presente e moldar um futuro mais inclusivo e igualitário.

A respeito da nobreza da linhagem dos Maciéis, ele expressou repetidamente, possivelmente em aditamentos posteriores à sua última viagem a Lisboa:

"A passagem e a nobre qualidade de João Maciel de Vinana para o Brasil constam no cartório das justificações da corte de Lisboa, nos autos de nobilitate firobanda de Domingos Antunes Maciel, processados no ano de 1756 no juízo da Índia e Mina" (Rev. Tr. vol. XXXIII. 11, p. 138).

"A transmigração de João Maciel e a qualidade de sua nobreza constam por documentos e certidões genealógicas, em uns autos de justificação de Domingos Antunes Maciel, processados no ano de 1755, no cartório de habilitações do reino" (Id., vol. XXXV, 11, p. 236).

No entanto, de maneira alguma aproveitou essa fonte, não chegou a redigir o título que os Maciéis mereciam, e distribuiu em diferentes títulos todos os membros dessa família que abordou.

Originário de Viana do Minho, de uma família cujo tronco provavelmente é o mesmo do qual mais tarde se originou o ilustre capitão Bento Maciel Parente, que foi governador do Maranhão, João Maciel já estava em S. Paulo em 1570, de acordo com informações de Pedro Taques, corroboradas por Silva Leme.

Como ja havia dito, minha avó de 13a geração foi Ana Maciel, casada com Jorge de Barros Fajardo, nascido a 1555 em Pontevedra, Galiza, Espanha pais de pais de Catarina.

Portugueses e Espanhois

Nos relatos da história colonial do Brasil, a presença portuguesa muitas vezes assume o papel de destaque. No entanto, para compreender plenamente a riqueza e complexidade da formação do povo brasileiro, é fundamental reconhecer que a miscigenação com povos indígenas não se limitou apenas aos colonizadores portugueses. Os espanhóis, com sua própria e notável relevância histórica, desempenharam um papel significativo nesse processo multifacetado.

O livro de Alfredo Ellis Júnior (Os primeiro trancos paulistas e o Cruamento Euro-Americano, 1936) lança luz sobre essa narrativa muitas vezes negligenciada, revelando a influência e o impacto dos espanhóis na interação com as populações indígenas do Brasil. Neste capítulo, exploraremos como a presença espanhola se entrelaçou com a cultura e a história do Brasil, contribuindo para a diversidade e a complexidade do mosaico étnico que define nossa nação.

Mas, em Portugal, o maior contingente eugênico foi indubitavelmente do sul. Em relação à Espanha, a desproporção em desfavor das regiões do norte foi ainda mais acentuada, tanto no número de imigrantes quanto no valor de cada um, representado pelas virtudes inerentes a eles, bem como pelos feitos no sertanismo. Dos povoadores oriundos do norte português, conhecemos os seguintes:

"Da Galícia: Jorge de Barros Fajardo (do qual sou descendente), Gaspar Gonçalves de Araújo e Dom Francisco de Lemos, este último de Orense. (Pedro Taques considera os originários da Galícia como portugueses); 

Do Douro: Salvador Pires, Garcia Rodrigues e sua esposa Isabel Velho, Manuel Ferraz de Araújo, Braz Cubas, Gonçalo Nunes Cubas, Antonio Cubas, Catharina Cubas, os quatro irmãos Gayas, Magdalena Feijó de Madureira (esposa de Estevam Ribeirão Bayão) e Sebastião Gil, quase todos do Porto;

Do Minho: João Maciel, Simão Jorge, Gonçalo Camacho, Pero Collaço, Estevam da Costa, Martim da Costa (estes três últimos foram companheiros de Martim Afonso)...."

Minha Avó de 12a geração é Catarina De Barros Fajardo, que faleceu em 8 de setembro de 1667, e foi casada com Sebastião Coelho Barradas, português nascido a 1590, pais de Maria Carneiro. 

Retrato fictício de Manoel Alvares de Souza 1600-1680 e Maria Carneiro 1615-1705 sentados à beira da Estrada da Real Grandeza, hoje Avenida Paulista, que servia para passagem de bois em direção ao matadouro, tendo ao fundo o Pico do Jaraguá.

Minha avó de 11a geração é Maria Carneiro, nascida a 1615 em São Paulo, casada com Manoel Álvares de Souza, nasceu a 1600 em São Miguel, na Ilha dos Açores, pais de Izabel.

Minha avó de 10a geração é Isabel Manoel Álvares de Souza, nascida a 16 de junho de 1641 aqui em São Paulo, casada com Francisco Vieira Antunes de Ventosa, Braga, Portugal, nascido a 1618, pais de Águeda.

Minha avó de 9a geração é Agueda Vieria Antunes, de 1682, casada com Luís Gonçalves “Palmela”, nascido lá em 1658, pais de Francisco.

Retrato fictício de Agueda Vieria Antunes, falecida em 1682, casada com Luís Gonçalves “Palmela” 1658-1721

Como podemos perceber, até esta geração, todos os antecessores são mulheres, porém, a partir dessa geração, o responsável pela minha linhagem passa a ser o Sr. Francisco Vieira Antunes, vindo de Ventosa, natural de Braga em Portugal.

Muitas vezes chegavam aqui em busca de melhores possibilidades, casavam-se com mamelucas e depois partiam para os sertões em busca de riquezas e expansão territorial, como descreve Nilva Mello, "...a família Maciel, como muitas outras na vila de Piratininga, teve sua história triste que mostrou também o papel vital que desempenhava as mulheres na vida doméstica,  mesmo quando casando muito cedo, como era costume da época e que atingia o acme quando o marido se ausentava, nas corridas pelo sertão, deixava no comando dos filhos, da casa, e do sítio".

Meu avô de 8a geração é Francisco Xavier Gonçalves, nascido a 1699 e falecido a 2 de março de 1778, casado com Josefa Oliveira Guedes de 1710, pais de Anna Vieira.

Minha avó de 7a geração é Anna Vieira Oliveira, nascida em São Paulo em 1736, casada com Ignacio Diniz Caldeira, nascido a 13 de novembro de 1704 em Angra do Heroísmo, Açores, pais de Rosa.

Retrato fictício de Ignácio Diniz Caldeira, marido da minha antepassada Anna Vieira Oliveira, nascido na ilha Terceira nos Açores, casou-se e faleceu em 24 de março de 1767

Minha avó de 6a geração é Rosa Maria da Assunção Caldeira, Casada com Raimundo José Branco Ribeiro, pais de Escholastica;

Início do fim da escravização e dos maus-tratos aos povos indígenas

Até agora só vimos grandes adversidades e injustiças enfrentadas pelos indígenas e mamelucos em São Paulo, mas as perspectivas começam a melhorar moralmente com uma consciência crescente, marcando o início de uma mudança significativa na abordagem dos direitos e da justiça para os índios. Continuando com a análise dessa importante trajetória histórica, exploraremos a seguir a forma de indivíduos, como José Arouche de Toledo Rendon, nascido em São Paulo em 14 de março de 1756, filho do mestre-de-campo Agostinho Delgado Arouche e D. Maria Thereza, que desempenharam papéis cruciais neste movimento transformador.

Segunda Fase - Arouche e o início da Tradição Indigenista em São Paulo 

A escravidão, a violência arbitrária e a exclusão social foram características marcantes da experiência dos índios em São Paulo, más em contraposição, muitas vozes ao longo dos últimos 450 anos se levantaram face a tantas injustiças e em defesa dos direitos históricos dos índios, a começar pelos jesuítas.

Retrato de José Arouche de Toledo Rendon (1756-1834)

Coube, no entanto, a José Arouche de Toledo Rendon (1756-1834) a distinção de pioneiro, entre os paulistanos, de uma longa tradição humanitária e filantrópica que marcou a constituição do indigenismo no país. Descendente direto de apresadores de índios, Arouche aproveitou a sua formação em Coimbra para desenvolver um outro olhar sobre o passado e o futuro dos índigenas de São Paulo.

Além de seu envolvimento em atividades econômicas (introduziu o plantio do chá em São Paulo), administrativas e militares (reprimiu a Bernarda*), destacou-se na política indigenista a partir de agosto de 1798, quando foi nomeado Diretor Geral das Aldeias da Capitania. Tarefa nada fácil, foi encarregado de substituir as diretrizes do Diretório das Índios, artefato da política pombalina que foi extinto naquele mesmo ano.

Após inspecionar as comunidades indígenas, Arouche redigiu a primeira versão de sua Memória sobre as aldeias de índios, cujo original se conserva hoje no Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa. Abismado com o estado de miséria e abandono no qual viviam os aldeados, Arouche buscou na história da colonização as raízes do problema. Os índios, avaliou, "têm os sentimentos abatidos não por natureza, mas pela malícia dos outros homens".

Acreditando na perfectibilidade humana e em princípios universalistas referentes à liberdade e aos direitos, concluiu que o atraso e a inferioridade dos índios eram consequências das ações humanas de maus governantes, administradores e religiosos. Esta postura, na contramão tanto de poderosos interesses políticos e fundiários quanto de correntes científicas que prognosticavam a inevitável extinção dos índios, foi adotada depois por outros, com destaque para José Joaquim Machado de Oliveira, Joaquim Antônio Pinto Jr. e, no início da República, pelos membros da efêmera Sociedade de Etnografia e Civilização dos Índios.

Os termos e as perspectivas mudaram, mas a tradição persiste hoje na Cidade de São Paulo na atuação de ONGs, tais como a Comissão Pró-Índio (fundada em 1979) e o Instituto Socioambiental (sucessor do CEDI, fundado em 1974), entre várias outras entidades paulistanas, que se destacam nos cenários nacional e internacional.

Se tivéssemos o conhecimento de nossa ancestralidade, bem como tivéssemos uma autoestima maior com as coisas do Brasil, talvez algum antepassado meu já teria feito o CAUIM TIAKAU, o autêntico CAUIM DO INHAPUMABUÇU. Com muito orgulho em dizer que é um cauim criado por descendentes de Tibiriçá, em minhas gerações anteriores - como visto nese anuncio (fictício) da década de 1930.

* A "Bernarda" foi uma revolta popular ocorrida em 1831 no Rio de Janeiro, tinha esse nome derivado de sua possível idealizadora, e lider, Maria Bernarda Bento, motivada pelo descontentamento com o governo central. 

Manuel Luís Osório, futuro Duque de Caxias, liderou a repressão à revolta em nome de Francisco de Lima e Silva, o Marquês de Barbacena, que era o líder militar da região na época. As forças lideradas por Osório conseguiram sufocar a revolta, resultando em prisões e punições para os envolvidos.

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Minha avó de 5a geração é Escholastica Jacinta Branco, nascida a 28 de setembro de 1786, casada com Daniel Antonio da Silva Correa de Moraes, pais do Capitão Antonio.

CAFÉ E A RIQUEZA DE SÃO PAULO

Dentre os maiores fazendeiros de café o Comendador Joaquim José de Sousa Breves foi o mais opulento fazendeiro de café no Brasil Imperial, plantou 5 milhões de pés de café, seguido por Henrique Dumont, pai de Santos Dumont. Após a morte do sogro, Henrique Dumont herdou 80 escravos e uma fortuna de 300 contos de Réis, aproximadamente R$ 37 milhões nos dias de hoje. No primeiro ano, plantou impressionantes 500.000 pés de café.

Nessa época sombria, cada escravo era responsável por cuidar de cerca de 14.000 pés de café, enquanto cada família italiana se encarregava de 10.000 pés. Em 1850, foi promulgada a lei Eusébio de Queiróz, marcando um importante passo na abolição da escravatura.

Naquela época, Henrique possuía um vasto império de fazendas, totalizando 31.400 hectares, duas vezes a área da Holanda. 

Outros grandes produtores de café incluíam Francisco Schmidt e Geremia Lunardelli. 

FAMILIA CORREIA DE MORAIS E O CAFÉ

A família Correia de Moraes, com destaque para Manoel Correa de Moraes, desempenhava um papel crucial no comércio de café. Manoel, Comissário de Café em São Paulo, financiava, armazenava e vendia o café, atuando como intermediário entre as fazendas e os consumidores finais.

Seu casarão na rua da Glória, número 4, servia como centro operacional para suas atividades como Comissário de Café. Manoel, através de suas funções, desempenhava um papel crucial no processo que envolvia várias etapas, desde a colheita até a venda ao exportador.

Apesar das crises econômicas e da crescente produção mundial de café, os comissários, como Manoel Correa de Moraes, desempenhavam um papel vital na cadeia de produção e exportação, financiando plantações e intermediando as transações entre produtores e exportadores. Em 1906, o Convênio de Taubaté surgiu como uma intervenção crucial para estabilizar a situação, proporcionando alívio aos exportadores em um período de instabilidade econômica.

Meu avô de 4a geração é o ‘Capitão’ Antonio Correa de Moraes, um dos primeiros comerciantes de Café de São Paulo. Foi ele quem adquiriu o túmulo no cemitério da Consolação, casado com Francisca Babara da Silva, que depois do casamento mudou o nome para Francisca Correa de Moraes nascida a 11 de Agosto de 1818.

Raphaela Gimenez de Moraes dec. 1920 - bisavó

Meus bisavós (3a geração) são Manoel Correa de Morais e Rapahela Gimenez Correia de Morais (1881~1951) pais da Dona Zuzu.

Zuzu nasceu no dia 16 de outubro de 1901 no casarão da rua da Gloria numero 4 e lá passou sua juventude ao lado dos irmãos.

Casamento de Emilia Francisca Correa de Moraes Pagano e Jose Francisco Pagano Brundo

Estudaram no Colégio São José, casou-se em primeiras núpcias com Jose Francisco Pagano Brundo no dia 23 de março de 1929, na igreja do Oratório e mudaram-se para a rua do Gasômetro numero 107.

Quando Jose Francisco Pagano Brundo Faleceu no dia 24 de dezembro de 1947, deixou Emilia com seus 4 filhos, moravam na rua da Mooca 2800, casa 3. Tiveram então que mudar, para a casa da rua Bresser numero 601, da. Zuzu passou a trabalhar como técnica de laboratório no Instituto Adolpho Lutz.

Alguns anos depois em 1950 Zuzu casou-se novamente com Jaime Pires de Camargo e voltaram a residir em outro endereço da Rua da Gloria, Jaime era informante comercial do antigo Banco São Paulo da rua XV de Novembro n.
347.

Divorciou-se e passou a morar com seu Filho, Antonio Carlos Pagano Brundo – “TAO”, primeiro na Rua Dom Duarte Leopoldo n. 43 na Vila Mariana, depois na Av Antonio de Sousa Noschesi 2094 no Parque Continental.

Emilia Francisca Correa de Morais (Zuzu), Nascida à 16 de outubro de 1901 na rua  da Gloria, dentro do triangulo histórico do Inhapuambuçu e Jose Francisco Pagano Brundo, meus avós, pais de Antonio Carlos Pagano Brundo (TAO) que se casou com minha mãe Lydia Siqueira Pagano Brundo.

Pais TAO e Lydia

4 comentários:

tribusnagandaya disse...

muito interessante,marco antonio correia de moraes.BA origem de minha familia -Tiete SP.
macdm@bol.com.br

Luiz Pagano disse...

Muito obrigado por sua participação _ se puder, conte um pouco sobre seus ancestrais, meu primo distante.

Saudações!

Anônimo disse...

OLHA ACHO MUITO INTERESSANTE A HISTORIA DA FAMÍLIA PAGANO SERA QUE FAÇO PARTE DESSA FAMÍLIA´,
GOSTARIA DE SABER MAIS .
E SABER TAMBÉM OS MEUS TIOS VICENTE PAGANO E GUILHERME PAGANO QUE TAMBÉM FOI PRA GUERRA E COM TUDO SOBRE ESSA HISTORIA QUE DEVE SER MARAVILHOSA DE VER .

ASSI ROSEMEIRE HORTENCIA PAGANO

Vicente Antunes disse...

Gostei do Post de da Historia, estava procurando na net sobre Paulo Correa de Moraes, meu bisavô paterno, foi casado com Euridice Oliveira Moraes, minha vó materna chamava-se Maria Aparecida Correa da Moraes, será que o Paulo irmão da ZUZU é o mesmo, meu avô tinha a arvore genealogica da família remontando a 1600, como familia quatrocentona de SP, alguem saberia informar como consigo mais informações?