domingo, 28 de abril de 2013

Sr. TAO – pioneiro do MotoCross no Brasil


Nivanor Bernardes - ao centro segurando a garrafa - com seu grande amigo TAO -  sentado a direita com camiseta branca da SUZUKI
Em meados dos anos sessenta tem inicio um movimento com a intenção de trazer as provas de MotoCross para o Brasil. Com motos "street", modificadas Ernesto Ricardo Buik, o ‘Avestruz’, que já conhecia o esporte praticado fora do Brasil, pleiteava junto a Federação Desportiva Paranaense organizar uma prova de MotoCross nacional.


Nessa mesma época, Antonio Carlos Pagano Brundo, conhecido como  ‘TAO’ havia saído do quadro de diretores da OSCAR S'A. IND. DE ARTEFATOS DE BORRACHA – extinta em 21 de julho de 1969. TAO encerrou sua historia na Oscar SA no cargo de Diretor-Comercial, apos uma brilhante carreira de diversas promoções. 


TAO vendeu suas ações ao mesmo tempo que ingressara como gerente de vendas no Grupo MOTOSPORT, com a principal tarefa de introduzir as motos da fabricante japonesa Yamaha no mercado brasileiro. Foi então que surgiu a idéia de unir o esporte radical que surgia em Curitiba com os interesses da recém chegada, hoje tão conhecido fabricante de motocicletas, as trilhas de terra seriam perfeitas para demonstrar a força, a agilidade e o estilo das novas motos.

A associação das motos em provas de Motocross foi um enorme sucesso comercial, o jovem Denísio Casarini corria com uma Yamaha JT-1 de 50 cc e Nobuiro Saruwatari, com uma Yamaha AT-1 de 125 cc
 
Stand da SUZUKI - Eu quis sair na foto na frente de todos e meu pai - TAO - atras a esquerda com olhar de apreensão - rsrs
O ponto culminante dessa historia aconteceu no dia 13 de fevereiro de 1972 quando TAO e Edgard Soares realizaram a primeira prova de MotoCross no estado de São Paulo, em uma pista concebida pelo Santos Moto Club na cidade de Itanhaém.

A prova que foi assistida por mais de 3.000 pessoas, reuniu 13 motociclistas.

Foi dividida em 3 baterias, sendo as duas primeiras em 4 voltas e a última em 6 voltas, num circuito de cerca de 1.260 m, onde três quartos eram num terreno muito acidentado num morro junto à praia, onde as motos, após subirem uma ladeira íngreme, saltavam no ar ao atravessarem sucessivas lombadas !
 
Cross na Universitária - Denisio 16 e Tucano 5
Walter "Tucano" Barchi venceu as 3 baterias com uma Yamaha 125 AT2 MX "de fábrica"

A partir desta data o casamento das fabricantes representadas no Brasil com o talvez mais antigo exporte radical brasileiro, rendia grande imagem e retorno comercial.

Alem de Tucano, Denisio fora contratado para trabalhar no Departamento de Promoções da Yamaha e participava ativamente das diversas modalidades que surgiam, tais como a ‘Subida da Montanha’, ‘Trail’, ‘Melhor salto’ e da já tradicional 500 milhas. Lembro-me do dia, quando ainda era bem pequeno, eu meu irmão e minha Irmã andamos, cada uma a sua vez, na garupa de Denisio, foi a melhor montanha russa da minha vida (acho que sai chorando dessa historia rsrs).
 
TAO e a Xispa TS 176
Após essas provas, tidas mais como de demonstração, em 11 de junho de 1972, é iniciado oficialmente o Campeonato Paulista de MotoCross (conforme relatado no site http://www.motosclassicas70.com.br/motocross_no_brasil.htm )

“ Tombos e vôos espetaculares marcaram a corrida, que inaugurou o circuito Trail Lândia, construído especialmente para competições desse tipo, no quilometro 21 da Via Dutra, perto de São Paulo.

O vencedor da categoria 250 foi Denísio Casarini, que teve que mostrar muita coragem e perícia para superar Walter "Tucano" Barchi e Paulo "Paulé" Salvalagio, segundo e terceiro colocados.

Medindo 1.600 m de extensão, o circuito Trail Lândia foi construído com recursos da Yamaha Motors do Brasil. A pista é uma trilha de terra estreita, sinuosa e cheia de ondulações e barrancos, num traçado que exige o máximo de habilidade dos pilotos.

As motocicletas, próprias para o motocross, tem  motor 2 tempos, guidão largo, rodas grandes e pneus com cravos para terra e lama.

Denisio e Tucano são pilotos oficiais da Yamaha, enquanto Paulé pilotou uma Suzuki.

Foram ao todo 18 competidores, e cinco baterias de cinco voltas cada. Denísio venceu 4 baterias !

Na categoria 125 o vencedor foi Nivanor Bernardi, seguido por Carlos Bittencourt, e José Ivan de Oliveira, todos de Yamaha”.

Apos a receita de sucesso obtida com a Yamaha, em 1973 TAO começa introduzir a marca Suzuki e dessa vez o novo garoto propaganda da é Nivanor Bernardi.
TAO no escritório

A historia de Nivanor também é contada no site www.motosclassicas70.com.br   -  “Em 1971, houve uma prova no "Chiqueirinho" em Curitiba, e Nivanor foi com sua namorada assistir !  Viu um show de Tucano e Denísio... e pensou... "é disso que eu gosto !!! "

Novamente com o amigo Daniel, Nivanor compra uma Yamaha 125 AT1 e disputa uma prova em Joinville, chegando em 2º lugar !

Em 1972, vem para São Paulo, disputar uma prova na Cidade Universitária.
Chegou com a moto no porta-malas do carro, um "Dodjão",  e já levou uma bronca do "seu" Eloy , pois era o único não paulista, e teve que dar uma volta na pista para provar que poderia disputar a prova !

Disputou, ... e venceu !!  Caiu umas 15 vezes, mas sempre se recuperava, e ganhou a prova onde corriam feras como Tucano , Denísio e Paulé !!  Foi quando Nivanor percebeu que tinha jeito prá coisa, e que seu porte físico avantajado lhe daria grande vantagem sobre os adversários ! 
 
TAO - ao centro de terno bege - e a re-introdução da Lambretta
Nivanor ajudava muito a família  descarregando caminhão de madeira e pedra, rachando lenha , etc.”.

Antonio ‘TAO’ Pagano, tinha 1,94m de altura e era muito forte, havia praticado halterofilismo e boxe, mas orgulhava-se em dizer que o único capaz de vencê-lo no braço de ferro era o Nivanor.

A historia de TAO não termina ai, o Grupo Motosport havia comprado a iconica LAMBRETTA e TAO era o Diretor Comercial da marca, ninguém melhor do que um ítalo-brasileiro tão experiente para comandar as operações de introdução desse ícone da cultura italiana. Também introduziu a fabricante de bicicletas BMX da Bikendur, para promove-la organizou o primeiro passeio ciclístico de São Paulo.

Grande amante das motos e dos esportes radicais, TAO, meu pai, introduziu as mais importantes marcas japonesas e italianas de motos no Brasil, faleceu aos 57 anos. Alem dessas marcas também introduziu a Ponei, da Brumana Pugliesi os Ciclomotores Garelli Kátia e Erika, dentre outros.

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